POR GERSON NOGUEIRA
Leandro Cearense, Ricardo
Capanema, Pablo, Jonathan, Pikachu. Jogadores paraenses, oriundos das divisões
de base dos clubes daqui e que de repente provaram sua utilidade na
impressionante campanha que o Papão cumpre na Série B. Para encarar a longa
maratona de jogos, a diretoria contratou 40 jogadores. Alguns emplacaram,
outros nem tanto.
Enquanto uns chegavam e
outros partiam, um seleto grupo de valores regionais começou a se destacar pela
regularidade e a aplicação tática. O técnico Dado Cavalcanti decidiu prestigiar
essa pequena confraria prata-da-casa e, pelo visto, não se arrependeu.
Cearense teve um período
de queda e chegou a ficar de fora da equipe por várias partidas – por
coincidência, a pior fase do Papão no campeonato. Capanema e Pikachu, porém, se
mantiveram firmes, como titulares absolutos, funcionando como termômetros da
equipe.
Pikachu brilha pela
capacidade ofensiva e velocidade que imprime aos avanços da equipe. Além disso,
marca muitos gols e foi uma espécie de homem surpresa nas primeiras rodadas da
Série B, condição que deixou de existir depois que o seu bom futebol passou a
ser conhecido por todos os adversários.
De Cearense, dizia-se que
era um jogador intimidado pelas responsabilidades da Série B. Com empenho e
disponibilidade para o jogo de equipe, venceu essas resistências e conseguiu
estar em campo sempre que o Papão pontuou na competição. Fez gols decisivos,
além de participar do combate à saída de bola dos adversários. Tornou-se peça
imprescindível no esquema de Dado.
Capanema, de estilo menos
refinado, mas extremamente eficiente, foi o grande xerife do time no primeiro
turno, combatendo bravamente à frente dos zagueiros. Sua importância como
primeiro volante é tão acentuada que a lesão grave que o tirou de combate neste
começo de segundo turno fez baixar um certo temor quanto ao destino do Papão na
competição.
E pensar que ainda
durante o certame estadual o papel de Capanema foi várias vezes colocado em
xeque, diante de episódios de indisciplina. Chegou mesmo a ser colocado em
disponibilidade sob o comando do técnico Mazola Jr. Aos poucos, porém, foi se
enquadrando nas diretrizes de Dado Cavalcanti e conquistou seu lugar no time
graças a muito esforço e combatividade.
Pablo era um reserva
polivalente, mas foi aproveitado no time titular quando Tiago Martins se
contundiu. Entrou sempre bem em partidas da Série B e da Copa do Brasil, transmitindo
seriedade e consistência no jogo aéreo. Com o retorno do titular, é provável
que fique no banco de reservas, mas provou sua utilidade.
E Jonathan fecha o
quinteto de cabanos que tem dado ao Papão a força necessária para alcançar
resultados que o próprio torcedor não considerava possível. O volante, que às
vezes faz a função de meia, tem se destacado pelo fôlego impressionante (tem,
ao lado de João Lucas, o melhor preparo físico do grupo) e a aplicação nas
partidas. Tornou-se figura exponencial ao dar cobertura a Pikachu e, também,
pela habilidade nas ações ofensivas, como no gol de abertura anteontem no
Recife.
É justo reconhecer que todos,
cada um à sua maneira, têm seu quinhão neste desempenho soberbo do Papão na
Série B.
Direto do Facebook
Transcrevo a mensagem
enviada pelo amigo Ronaldo Almeida, mineiro de nascimento e paraense por razões
afetivas, impressionado com a boa vontade do STJD ao julgar atletas de grandes
clubes brasileiros.
“Confesso que ontem pela
primeira vez assisti sem cortes um julgamento (?) do STJD, pela Fox Sports: do
Emerson do Flamengo, por ofensas ao juiz chamando de fraco e m... Já era
reincidente, dizendo tanta babaquice. Só faltou a certos juízes pedirem para
tirarem foto, fazer selfies, pedir uma camisa autografada para o filho ou neto
etc. Vergonha, Gerson. Se, em vez de Emerson, fosse um Cascata, um Didira, um
Pikachu (você entende o que quero dizer), esses jogadores sairiam algemados e pegariam
um ano de suspensão sem direito a efeito suspensivo. Que eu tenha visto,
ninguém da imprensa paulista ou carioca teve a mesma minha opinião. Por isso,
apesar de não ser paraense e adorar essa cidade , torço para que Remo,
Paissandu, Águia, a minha Tuna etc. alcancem voos mais altos neste bagunçado,
comprometido, manchado campeonato da CBF. Saudações atleticanas. Abraços.”
Hulk e as ironias do
destino
Fã assumido do talento de
Hulk para caneladas e trombadas, leitor interpela o escriba sobre a manifesta
aversão ao zagueiro disfarçado de atacante. Respondo ao cidadão (que preferiu
não ser identificado) que não posso ser fã de um brucutu, categoria que desonra
o Brasil bom de bola.
Justiça se faça, Hulk não
é o primeiro nem será o último ferrabrás posto a serviço do escrete canarinho
pentacampeão do mundo. Todos foram devidamente esquecidos ao longo do tempo. De
imediato, vem à mente o nome de Fontana, o beque reserva de Brito na Copa de
70.
Há, também, o célebre
caso de Chicão, o volante carniceiro que Cláudio Coutinho ousou transformar em
símbolo de sua seleção na Copa de 1978, ignorando o craque Falcão. E não se
pode esquecer de Elzo, maior pecado de avaliação da carreira de Mestre Telê. O
volante do Galo foi levado à Copa de 1986 e deve ter arrancado vários
quilômetros de gramas mexicanas com seus poderosos carrinhos.
Em 1994, Parreira teve a
pachorra de levar o folclórico Viola à campanha afinal vitoriosa nos Estados
Unidos. Resulta daí um daqueles absurdos típicos do futebol. Viola, do alto de
sua conhecida falta de tato com a bola, é campeão do mundo, enquanto craques
como Júnior, Zico, Falcão e Sócrates passaram em branco.
O incrível Hulk, porém,
apesar da reiterada insistência de Felipão, Mano Menezes e Dunga, dificilmente
terá a mesma sorte de Fontana, Viola e Vampeta, para ficar apenas em três
exemplos de campeões mundiais por ironia do destino.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 10)
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