POR GERSON NOGUEIRA
Fazia
algum tempo já que a dupla Re-Pa não encarava, num mesmo dia, batalhas tão
importantes e decisivas fora de Belém. O Papão joga em Salvador defendendo a
segunda colocação no Brasileiro da Série B contra o Vitória, um adversário
direto. O Leão enfrenta o Palmas, na capital tocantinense, buscando começar
positivamente o mata-mata das oitavas de final da Série D.
São jogos importantes e
perigosos por razões diversas. O Papão não pode facilitar, pois o próprio
Vitória e mais seis clubes lutam pelo acesso e tentam ultrapassá-lo. Na
verdade, o representante paraense virou o time a ser batido nesta parte final
da Série B. O Remo estreia na fase eliminatória da Série D e, apesar de
superior ao adversário, precisa ter cautelas para evitar surpresas.
Caso consiga sair de
Salvador com uma vitória, ou mesmo um empate, o Papão dará passo
importantíssimo para o acesso. Com 47 pontos ganhos, precisa acumular mais 19
para garantir uma das quatro vagas. Como terá ainda cinco jogos a fazer em
casa, o time precisa beliscar quatro pontos em terreno adversário. Começar essa
colheita hoje seria oportuno e teria efeitos ainda mais animadores sobre o
elenco.
A garantia de escalação
do atacante Betinho - graças a efeito suspensivo - representa um importante
trunfo para o técnico Dado Cavalcanti. Sem um homem de referência na frente,
seria obrigado a improvisar Aylon, cujas características são mais de um
atacante de lado, pela velocidade que imprime ao jogo.
Além disso, Betinho tem
sido um jogador produtivo, marcando gols importantes e em franca evolução
técnica, depois de um começo pouco auspicioso na Copa do Brasil. Contra o ABC,
marcou dois gols, exibindo grande movimentação em todos os lados do ataque. Na
partida seguinte, diante do Náutico, salvou-se do naufrágio geral. Em tarde
pouco inspirada do time, teve o melhor rendimento, criando boas situações mesmo
sem ter sido acionado pelos meias.
Para dar ainda mais
consistência ao time, a linha defensiva não sofre alterações, contando com os
laterais titulares, Pikachu e João Lucas. O ponto de interrogação fica por
conta do meio-campo, onde, na ausência de um armador de ofício, Jonathan deverá
ter funções de ligação. Rony e Léo, mantidos na equipe, terão que desempenhar
um papel mais dinâmico, ajudando tanto o meio quanto Betinho na ofensiva.
Sob o sol inclemente de
Palmas, o técnico Cacaio optou por lançar um ataque à moda antiga, apostando
tudo na altura do centroavante Kiros. Até mesmo a longa inatividade do jogador
foi esquecida, talvez por força das lembranças de 2005, quando Roberval Davino
usava Capitão para complementar jogadas aéreas. Outro fator determinante para a
entrada de Kiros foi a baixa produtividade dos outros atacantes de área. Rafael
Paty, principal goleador da equipe na temporada, não atravessa bom momento.
Aleílson e Welthon não conseguiram se firmar quando entraram como
titulares.
Léo Paraíba, especialista
no jogo de velocidade pelo lado direito, será o companheiro de Kiros no ataque.
Sozinho, porém, não poderá fazer muito. Para que Kiros tenha oportunidades,
será fundamental o trabalho de Juninho e Eduardo Ramos na meia-cancha e de Levy
e Alex Ruan nas laterais. Acima de tudo, os cruzamentos devem ser caprichados.
Como o duelo é de 180
minutos, é importante conquistar um bom resultado no primeiro jogo, embora com
a consciência de que o desespero e a pressa devem estar do outro lado. Ao Remo
cabe fazer um jogo estratégico, observando e explorando eventuais falhas do
Palmas.
O time do Tocantins fez
uma das mais fracas campanhas da fase classificatória, marcando sete gols e
sofrendo quatro. Os números indicam que a defesa é seu ponto alto, mas o ataque
é econômico. Outra razão para que Cacaio e seus jogadores não se entreguem à
afobação. Saber esperar pode ser um trunfo decisivo nesta fase eliminatória.
(Coluna publicada no Bola deste sábado, 26)
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