sábado, 26 de setembro de 2015

Duas batalhas

POR GERSON NOGUEIRA


Fazia algum tempo já que a dupla Re-Pa não encarava, num mesmo dia, batalhas tão importantes e decisivas fora de Belém. O Papão joga em Salvador defendendo a segunda colocação no Brasileiro da Série B contra o Vitória, um adversário direto. O Leão enfrenta o Palmas, na capital tocantinense, buscando começar positivamente o mata-mata das oitavas de final da Série D. 
São jogos importantes e perigosos por razões diversas. O Papão não pode facilitar, pois o próprio Vitória e mais seis clubes lutam pelo acesso e tentam ultrapassá-lo. Na verdade, o representante paraense virou o time a ser batido nesta parte final da Série B. O Remo estreia na fase eliminatória da Série D e, apesar de superior ao adversário, precisa ter cautelas para evitar surpresas.  
Caso consiga sair de Salvador com uma vitória, ou mesmo um empate, o Papão dará passo importantíssimo para o acesso. Com 47 pontos ganhos, precisa acumular mais 19 para garantir uma das quatro vagas. Como terá ainda cinco jogos a fazer em casa, o time precisa beliscar quatro pontos em terreno adversário. Começar essa colheita hoje seria oportuno e teria efeitos ainda mais animadores sobre o elenco. 
A garantia de escalação do atacante Betinho - graças a efeito suspensivo - representa um importante trunfo para o técnico Dado Cavalcanti. Sem um homem de referência na frente, seria obrigado a improvisar Aylon, cujas características são mais de um atacante de lado, pela velocidade que imprime ao jogo.
Além disso, Betinho tem sido um jogador produtivo, marcando gols importantes e em franca evolução técnica, depois de um começo pouco auspicioso na Copa do Brasil. Contra o ABC, marcou dois gols, exibindo grande movimentação em todos os lados do ataque. Na partida seguinte, diante do Náutico, salvou-se do naufrágio geral. Em tarde pouco inspirada do time, teve o melhor rendimento, criando boas situações mesmo sem ter sido acionado pelos meias. 

Para dar ainda mais consistência ao time, a linha defensiva não sofre alterações, contando com os laterais titulares, Pikachu e João Lucas. O ponto de interrogação fica por conta do meio-campo, onde, na ausência de um armador de ofício, Jonathan deverá ter funções de ligação. Rony e Léo, mantidos na equipe, terão que desempenhar um papel mais dinâmico, ajudando tanto o meio quanto Betinho na ofensiva.  
Sob o sol inclemente de Palmas, o técnico Cacaio optou por lançar um ataque à moda antiga, apostando tudo na altura do centroavante Kiros. Até mesmo a longa inatividade do jogador foi esquecida, talvez por força das lembranças de 2005, quando Roberval Davino usava Capitão para complementar jogadas aéreas. Outro fator determinante para a entrada de Kiros foi a baixa produtividade dos outros atacantes de área. Rafael Paty, principal goleador da equipe na temporada, não atravessa bom momento. Aleílson e Welthon não conseguiram se firmar quando entraram como titulares. 
Léo Paraíba, especialista no jogo de velocidade pelo lado direito, será o companheiro de Kiros no ataque. Sozinho, porém, não poderá fazer muito. Para que Kiros tenha oportunidades, será fundamental o trabalho de Juninho e Eduardo Ramos na meia-cancha e de Levy e Alex Ruan nas laterais. Acima de tudo, os cruzamentos devem ser caprichados.   
Como o duelo é de 180 minutos, é importante conquistar um bom resultado no primeiro jogo, embora com a consciência de que o desespero e a pressa devem estar do outro lado. Ao Remo cabe fazer um jogo estratégico, observando e explorando eventuais falhas do Palmas.
O time do Tocantins fez uma das mais fracas campanhas da fase classificatória, marcando sete gols e sofrendo quatro. Os números indicam que a defesa é seu ponto alto, mas o ataque é econômico. Outra razão para que Cacaio e seus jogadores não se entreguem à afobação. Saber esperar pode ser um trunfo decisivo nesta fase eliminatória. 

(Coluna publicada no Bola deste sábado, 26)

Nenhum comentário:

Postar um comentário